sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Delegado e ex-policial militar são investigados por suspeita de agiotagem

Da redação com Tribuna do Norte
Foto: Reprodução

Suspeitos de envolvimento com os crimes de usura (agiotagem), lavagem de dinheiro e organização criminosa, um delegado de Polícia Civil do Rio Grande do Norte e um ex-policial militar são alvo de investigação pelo Ministério Público do RN. Os promotores de justiça cumpriram cinco mandados de busca e apreensão nas residências dos suspeitos Renato Oliveira e Benedito Arimateia, na operação batizada de “Tábua VIII”, deflagrada na manhã desta quinta-feira (05). 

Conforme apurado na investigação, o delegado não utilizava de forma explícita a condição ou estrutura da Polícia Civil para coagir as vimas, no entanto, segundo o MPRN, "a condição de delegado e de ex-policial militar ostentada pelo DPC Renato Oliveira e Benedito Arimateia impunha um certo temor reverencial nas vítimas". 

A investigação do MPRN apura o envolvimento do delegado Renato da Silva Oliveira, da Polícia Civil potiguar, do ex-PM Benedito Arimatéia e de mais outras três pessoas nos crimes. Os mandados foram expedidos por um colegiado formado por três juízes. A ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRN contou com o apoio do Gaeco paraibano e ainda das Polícias Militares do Rio Grande do Norte e da Paraíba.

O MPRN começou a investigar os crimes a partir da cidade de Apodi, onde o delegado trabalha, no ano de 2014. Renato Oliveira também comanda a Divisão de Polícia do Oeste (Divipoe), com sede em Mossoró. Ele é suspeito de integrar uma organização criminosa dedicada à agiotagem e de lavar dinheiro decorrente dessa atividade. O mandado em Sousa, de onde é natural, foi cumprido em uma residência dele. A condição de delegado e de ex-policial militar ostentada por eles impunha um certo temor reverencial nas vítimas.

O modo de ação da organização baseava-se no empréstimo de dinheiro, inclusive pela troca com cheques a vencer, com retenção de documentos e cartões bancários como garantia. A lavagem de dinheiro se dava por meio da ocultação dos recursos envolvidos e da respectiva movimentação financeira em contas bancárias de terceiros. As provas colhidas pelo Ministério Público, bem como a quantidade de dinheiro que os suspeitos movimentaram estão sob sigilo. 

As buscas incluíram ainda a residência do ex-policial militar Benedito Arimatéia, também suspeito de integrar a organização criminosa e de atuar como agiota. Durante as buscas, foram apreendidos R$ 28 mil em espécie na casa dele, além de grande quantidade de cheques, cartões de crédito e notas promissórias em nome de terceiros.

O nome da operação faz referência à Lei das Doze Tábuas do Direito Romano. A oitava tábua tratava dos crimes e das condutas ilícitas, sendo um dos mais antigos registros históricos da proibição da usura e anatocismo, que é a cobrança de juros sobre juros.

A Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol), por meio da assessoria de imprensa, informou que não houve comunicação oficial sobre a investigação ao delegado geral, Correia Junior, que aguarda ser oficiado para tomar as devidas providência.

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